Dia Nacional da Poesia! 14 de março. Não poderia deixar de colocá-la
como a palavra de ordem da vez.
A palavra "poesia" tem origem grega e significa
"criação". É definida como a arte de escrever em versos, com o poder
de modificar a realidade, segundo a percepção do artista. Uma arte literária, e como arte, recria a
realidade.
O poeta Ferreira Gullar diz que o artista cria um outro mundo “mais bonito ou mais intenso ou mais significativo ou mais ordenado – por cima da realidade imediata”. Para
outros, a arte literária nem sempre recria. É o caso de Aristóteles, filósofo
grego que afirmava que “a arte literária é mimese (imitação); é a arte que
imita pela palavra”.
Antigamente, os poemas eram cantados, acompanhados pela lira, um instrumento musical muito comum na Grécia antiga. Por isso, diz-se que a poesia pertence ao gênero lírico.
Hoje, os poemas podem ser divididos em quatro gêneros:
épico, didático, dramático e lírico.
As linhas de um poema são os versos. O conjunto desses
versos chama-se "estrofe". Os versos podem rimar entre si e obedecer
à determinada métrica, que é a contagem das sílabas poéticas de um verso.
No Brasil, os primeiros poemas surgiram junto com o seu descobrimento,
pois os jesuítas usavam versos para catequizar os índios.
Depois, surgiram outras formas de poesia, como o barroco
(1601-1768), o arcadismo (1768-1836), o romantismo (1836-1870), o parnasianismo
(1880-1893), o simbolismo (1893-1902), o pré- modernismo (1902-1922), o
Modernismo (1922-1962), até a forma de hoje.
Declamando ou escrevendo, fazer poesia é expressar-se de
forma a combinar palavras, mexer com o seu significado, utilizar a estrutura da
mensagem. Isto é a função poética.
A poesia sempre se encontra dentro de um contexto cultural e
histórico. Os vários estilos poéticos, as fases de cada autor, os
acontecimentos da época e tantas outras interferências muitas vezes se misturam
à obra e lhe dão novos significados.
O Dia Nacional da Poesia, não por acaso, coincide com a
comemoração do nascimento do grande escritor baiano Castro Alves. Poeta do
Romantismo, que foi autor de belíssimas obras, como o “Navio Negreiro” e
“Espumas Flutuantes”. Sua arte era movida pelo amor e pela luta por liberdade e
justiça.
Como sou uma amante da poesia e tenho uma queda maior por aquelas
que falam de amor, por isso vou finalizar o post de hoje com algumas poesias
do homenageado e aniversariante do dia Castro Alves. Fiquem a vontade para se
deleitar e saboreá-las.
*~* Amar e Ser Amado*~*
"Amar e ser amado! Com que anelo
Com quanto ardor este adorado sonho
Acalentei em meu delírio ardente
Por essas doces noites de desvelo!
Ser amado por ti, o teu alento
A bafejar-me a abrasadora frente!
Em teus olhos mirar meu pensamento,
Sentir em mim tu’alma, ter só vida
P’ra tão puro e celeste sentimento
Ver nossas vidas quais dois mansos rios,
Juntos, juntos perderem-se no oceano,
Beijar teus labios em delírio insano
Nossas almas unidas, nosso alento,
Confundido também, amante, amado
Como um anjo feliz... que pensamento!?"
*~* O laço de fita *~*
Não sabes, criança? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deusl As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepital
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
"~"AS DUAS FLORES "~"
São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.
Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.
Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.
Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Abraços...
Até breve...
Fonte: www.paulinas.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário